PARABÉNS, SARRABAL! (RUY VENTURA)

Ao abrir este presente, esta caixinha com laçarote de cetim, dei com o poema que publico abaixo. O seu autor é Ruy Ventura, outro dos meus «convidados» para o aniversário do Sarrabal.

O poema consta do último livro do Ruy, intitulado, sugestivamente, «Chave de Ignição». O lançamento da obra, com a chancela da Editorial Labirinto, efectuou-se no dia 16 do passado mês de Julho, na Sala Polivalente da Biblioteca Municipal de Sesimbra.

Tive conhecimento, por quem lá esteve (o Ruy sabe a razão da minha não comparência), que o lançamento foi um êxito: sala cheia, bom convívio, boa participação do poeta João Candeias (que não vejo há imenso tempo), a quem coube a apresentação da obra.

Conheci Ruy Ventura no lançamento de um livro de Rita Ferro. Poucos anos antes havia ganho o Prémio Revelação de Poesia/2000, atribuido pela Associação Portuguesa de Escritores (contava, apenas, 27 anos de idade).

Muitos são já os livros que publicou, dividindo-se o seu trabalho pela poesia, ensaio, crónica e tradução.

Mas o Ruy é também um bloguista. São dele os blogs Estrada do Alicerce (um pouco abandonado) e Arquivo do Norte Alentejano. Aqui, com o blog actualizado, podemos admirar, principalmente, boas fotografias do nosso património arqueológico. Ruy Ventura dá-nos a conhecer monumentos e belíssimas fachadas e riquíssimos interiores de muitas das capelas e igrejas espalhadas (pois, com certeza!) por várias localidades alentejanas: Portalegre (terra natal do Ruy), Castelo de Vide, Marvão, Alpalhão, Nisa e outras. Sem dúvida, um blog a visitar.

Muito mais havia a dizer, mas é tempo de voltar a pegar na passadeira vermelha e a estendê-la, aqui, no Sarrabal. Ruy Ventura, hoje é a sua vez. Faça o obséquio de passar!

Soledade Martinho Costa in http://sarrabal.blogs.sapo.pt/85934.html a 13/8/2009



A ÁGUA SOBREVIVE


a água sobrevive
ao esplendor do mundo.
o assento
desmonta a paisagem.
a primeira dor aproxima-nos,
alimenta a força da corrente
- raiz e crescimento.

os arcos abateram.
a biografia reserva-nos
um pouco de sangue
na confluência
do medo
com a memória.

recorda-nos que o rio
escreveu
a morte e a viagem.

desvia-nos do silêncio.
acompanha o sono
até à nascente.

esta manhã não termina.
o assento faz-se. sem pausas.

teu nome, junto à foz,
resguarda-me

da morte.

Ruy Ventura

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