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A CHAVE DE SEBASTIÃO DA GAMA
de Ruy Ventura

na leitura de Risoleta C. Pinto Pedro
in Raio de Luz, de 25/5/2018


A CHAVE DE SEBASTIÃO DA GAMA
de Ruy Ventura

na leitura de Fernando Guimarães
(in Jornal de Letras, Artes e Ideias, de 25/4/2018




«A Chave de Sebastião da Gama» 
de Ruy Ventura

O poeta Sebastião da Gama (1924-1952) teve uma vida breve (apenas 27 anos) e publicou os  livros «Serra-Mãe» (1945), «Cabo da Boa Esperança» (1947) e «Campo Aberto» (1951). Não deixa de ser curioso o facto de uma sua conferência («Lugar de Bocage na nossa Poesia de Amor») que foi publicada pela Revista da Faculdade de Letras de Lisboa tenha a ver com Bocage, o poeta que muitas vezes se vê associado às anedotas tal como Bulhão Pato às amêijoas. Já David Mourão-Ferreira nas páginas da «Távola Redonda» tinha advertido para os perigos do «pitoresco» e das «peripécias» tomados a sério que prejudicam um olhar lúcido sobre «uma das mais extraordinárias aventuras da Poesia portuguesa contemporânea». Neste estudo, Ruy Ventura enuncia os cinco obstáculos que prejudicam a abordagem à poesia de Sebastião da Gama, sobrevalorizando a biografia em detrimento da obra: a simpatia, a espontaneidade, a leitura desatenta da linguagem, o confinamento tópico e a recepção adolescente. 
O ponto de partida é um excerto de «Cabo da Boa Esperança» de 1947: «Que me importa, meus versos, que vos tomem / (e eu vos tome também) por chaves falsas / se vós me abris as portas verdadeiras?» O ponto de chegada é um poema-testamento escrito em 1-9-1951 na Arrábida: «Pelo Sonho é que vamos / comovidos e mudos. / Chegamos? Não chegamos? / Haja ou não frutos / Pelo Sonho é que vamos. /Basta a fé no que temos /Basta a esperança naquilo / que talvez não teremos. /Basta que a alma demos / com a mesma alegria / ao que desconhecemos / e ao que é do dia-a-dia. / Chegamos? Não chegamos? /-  Partimos. Vamos. Somos.»

Pelo meio fica a leitura dos três livros publicados em vida pelo poeta Sebastião da Gama. Como convite à leitura, citamos: «a) Campo aberto corresponde à Natureza, à criação, mas também ao mundo habitado e social, onde todos existimos e tentamos viver, abrindo-nos e esvaziando-nos das contingências, afastando-nos dos instintos e da corrupção. B) Cabo da Boa Esperança exprime a finisterra, a cessação de um mundo natural, por obra da palavra e da poesia, ou seja, pela acção criativa colaborante com Deus na produção de uma «pintura» que traga para junto de nós o Supremo Pintor, por isso o Cabo não é apenas fim da terra mas início da esperança. c) por fim a montanha Serra-Mãe, parece expressar a matriz, o tronco, a matéria gerada e geradora (mater) mas sobretudo o acidente natural que exige um movimento de assunção, incitando os seres humanos a subir a escada do Paraíso e a aproximar-se de Deus.» A leitura deste excelente livro de Ruy Ventura prova que a poesia de Sebastião da Gama, passados 65 anos da sua morte, veio para ficar.     

JOSÉ DO CARMO FRANCISCO in Gazeta das Caldas, 4/5/2018


A OPINIÃO DE UM LEITOR: JOAQUIM MATA FERNANDES

Acabei de ler este interessante ensaio que me deu novas pistas para um melhor entendimento da poesia de Sebastião da Gama enquanto construtor de beleza, instrumento que se deixa vibrar por Deus nesse ambiente/ espaço sagrado que é a Arrábida. O seu autor, Ruy Ventura, é colega professor numa escola de Setúbal. Fico-lhe grato por esta abordagem que propõe uma leitura do poeta livre dos obstáculos biográficos e topográficos que se têm sobreposto, na crítica e na lecionação, à "carga simbólica" da sua poesia.

Fonte: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1603782299653645&set=a.451516101546943.103925.100000656713391&type=3&theater
(19/7/2017)


Já nasceu. São e escorreito. Bem hajam todos quantos me incitaram a escrevê-lo e todos quantos criaram condições para que fosse editado. 
O lançamento será no próximo dia 26 de Maio, pelas 21 horas, em Vila Nogueira de Azeitão (Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense). Conto consigo!