Calçadinha, Carreiras (Portalegre) - a casa dos meus avós maternos.
Uma das casas da minha infância, demolida em 1991.

(Foto de RV, 1990.)




"Instrumentos do Espírito"
leitura comentada de poemas
na Sociedade da Língua Portuguesa
17/11/2010

Nas imagens e fora delas: RV, Márcio-André, Elsa Rodrigues dos Santos, José do Carmo Francisco, Joaquim Cardoso Dias, Margarida Alves, Filipa Barata... e demais ouvintes participativos e interessados.

(Fotografias de Joaquim Cardoso Dias)
MAIS ALENTEJO

O galardão do prémio "Mais Literatura" foi entregue ao meu conterrâneo Rui Cardoso Martins - embora, na minha opinião, também ficasse bem nas mãos do José Luís Peixoto ou do Mário Zambujal. Satisfez-me bastante ver valorizada a minha cidade romana de Ammaia, a Quinta do Barrieiro (tão perto das Reveladas dos meus bisavós e da minha avó paterna)... embora também gostasse de assistir, por exemplo, à consagração do Festival Terras Sem Sombra e de outras entidades/personalidades. Mas, ao fim e ao cabo, termos sido nomeados constituiu já uma honra numa terra (o Alentejo) que nem sempre prima pelo reconhecimento dos seus. Foi uma surpresa descobrir, entretanto, a voz e a música do Duarte. E tão agradável a conversa à mesa com o presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo e com os actores de uma companhia de teatro de Serpa, o reencontro com Luís Pargana, as palavras trocadas com Sara Fonseca e José António Falcão... Balanço positivo. Estive com gosto na gala da Revista Mais Alentejo, mas nunca esquecerei que o meu campeonato, aconteça o que acontecer, será sempre outro.
Márcio-André
http://intradoxos.blogspot.com/2010/11/ruy-ventura.html


Tenho, cada vez mais, me emocionado menos com poesia. Mas eis que ainda me supreendo.




A ÁGUA SOBREVIVE
ao esplendor do mundo.
o assento
desmonta a paisagem.
a primeira dor aproxima-nos,
alimenta a força da corrente
- raiz e crescimento.



os arcos abateram.
a biografia reserva-nos
um pouco de sangue
na confluência
do medo
com a memória.



recorda-nos que o rio
escreveu
a morte e a viagem.



desvia-nos do silêncio.
acompanha o sono
até à nascente.



esta manhã não termina.
o assento faz-se. sem pausas.



teu nome, junto à foz,
resguarda-me



da morte.