"[...] Moisés Espírito Santo expôs, com a autoridade que se lhe reconhece, as principais linhas de força de O Eixo e a Árvore: notas sobre a sacralização do território arrábido, de Ruy Ventura, mormente a demonstração da centralidade espiritual de Sesimbra na região, e exortou o seu autor a que prossiga e aprofunde o notável trabalho de investigação que vem realizando. Foi essa, de resto, a garantia dada por Ventura, que sublinhou o facto de o dia de ontem ser a data do aniversário de Frei Agostinho da Cruz, e também aquela em que também se completaram 480 anos sobre o aparecimento lendário da imagem do Senhor Jesus das Chagas, e véspera da grandiosa procissão que em sua honra percorreu hoje as ruas de Sesimbra. A observação etnológica deste culto, de uma vitalidade impressionante, foi de resto determinante para a sustentação da tese da axialidade do vale de Sesimbra, sendo irrefutável a suserania centrípeta que as Chagas exercem sobre os demais círios e confrarias da região, da Senhora do Cabo, no Espichel, ao Senhor do Bonfim, de Setúbal. Ventura afirmou sentir-se sesimbrense, e grato para com Sesimbra, apesar de residir em Azeitão -- ou por isso mesmo, por considerar que Azeitão e Arrábida, à margem dos acidentes histórico-administrativos, são incindíveis de um teritório cujo cabeça, no plano espiritual, é a camonina Piscosa."
[Na mesma sessão foi apresentado o livro "Agostinho da Silva em Sesimbra", de António Reis Marques e Pedro Martins, editado pelo Centro de Estudos Bocageanos, de Setúbal.]
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