IMAGENS FERIDAS
Desde que li "O Meu Deus é um Deus Ferido", talvez o melhor livro do teólogo checo Tomás Halík, comecei a compreender e a acolher de outro modo as representações de Cristo mutiladas pela iconoclastia, pelo maldade, pelo desleixo, pelo tempo. Se já tinha especial carinho pelas esculturinhas feitas pela imperfeita habilidade dos artistas sem formação, agora também estas se tornaram para mim instrumentos privilegiados de meditação, de pensamento e de oração.
Diz o autor de "Paciência com Deus":
"Se, na nossa oração, nos pusermos diante da cruz ou de um ícone, então este símbolo não deve ser um objecto mágico e sagrado, um instrumento de magia, mas sim uma lembrança (anamnesis) que nos arranca dos nossos sonhos, dos nossos círculos narcisistas e nos leva para fora da tentação do colóquio consigo mesmo. A oração é um diálogo."
Vê-las sem braços, sem pernas, desfiguradas, é contemplar a humanidade chagada por um tempo em que as máscaras tentam substituir o verdadeiro rosto das pessoas, sobretudo a sua imperfeição, que é fonte de sede e de vontade de beber. Ainda não li o livro de Tolentino (vem a caminho), mas parece-me que a negação da sede será sempre uma recusa da água pura, prontamente substituída por qualquer outro veneno sedutor que os ardis colocarão à nossa frente.
As máscaras tentam e vão conseguindo camuflar o rosto que nos pertence, para nossa desgraça. Resta-nos encontrar nessas feridas, mesmo ocultas, o paradoxo da esperança.
Diz o autor de "Paciência com Deus":
"Se, na nossa oração, nos pusermos diante da cruz ou de um ícone, então este símbolo não deve ser um objecto mágico e sagrado, um instrumento de magia, mas sim uma lembrança (anamnesis) que nos arranca dos nossos sonhos, dos nossos círculos narcisistas e nos leva para fora da tentação do colóquio consigo mesmo. A oração é um diálogo."
Vê-las sem braços, sem pernas, desfiguradas, é contemplar a humanidade chagada por um tempo em que as máscaras tentam substituir o verdadeiro rosto das pessoas, sobretudo a sua imperfeição, que é fonte de sede e de vontade de beber. Ainda não li o livro de Tolentino (vem a caminho), mas parece-me que a negação da sede será sempre uma recusa da água pura, prontamente substituída por qualquer outro veneno sedutor que os ardis colocarão à nossa frente.
As máscaras tentam e vão conseguindo camuflar o rosto que nos pertence, para nossa desgraça. Resta-nos encontrar nessas feridas, mesmo ocultas, o paradoxo da esperança.
RV (21/5/2018)