UM REBULIÇO SUECO
Anda por aí magno rebuliço por causa de uma tal Academia Sueca que, neste ano, decidiu suspender a atribuição de um prémio literário. Se tivermos em conta os montantes envolvidos, bem poderíamos chamar-lhe, como à lotaria espanhola de Natal, "el gordo". Parece que houve por lá grã soma de alarvidades, desde apalpanços a catrapiscanços, passando por outros manipanços que têm cevado gentes mui galhardas por esses bardalhais fora. Não sei quem foi. Não sei quem são os alarves. E, cá entre nós, tenho pouca vontade de saber. Ou, mesmo, nenhuma. Vi por aí numa folha de couve a foto de dois dos envolvidos e fiquei logo com vontade que ir beber aguardente de medronho, para limpar o asco causado pelas figuras, tão mal apessoadas se apresentavam nas suas farpelas de gala. Dizia o jornalista que a senhora é "a mais conhecida poetisa sueca". Não digo que não. Lembro-me dela a anunciar que um tal Dilã tinha ganho gorda massa... E não fiquei com vontade de frequentá-la nem de convidá-la para comer a iguaria típica da terra onde vivo, para minha dita e desdita. Ser conhecido não é o mesmo que ser importante. A Rosita também é por cá muito conhecida e não é por isso que produz música recomendável, além das letras que fazem corar as pedras da calçada e arrebitar alguns velhotes dos asilos de Portugal.
Há pranto e ranger de dentes. Este ano não vamos ter Nobel da Literatura. Que pena! As carpideiras - sim, as carpideiras, pois recebem para prantear - arrepelam-se. Os carpideiros sujam as ventas com cinza. E eu, que sou parvo quando quero sê-lo, pergunto: "O que é que a literatura tem com isto?" Responder-me-ão, bem comportadinhos, que tem muito. Eu digo que não. Se é boa, excelente mesmo enquanto obra de arte, passa sem o prémio. Se é má, continuará sendo a porcaria que já era. Há exemplos dos dois lados. Ah, claro, temos o carcanhol... e tal... Tenhamos juízo. Isso só interessa ao autor (bom ou canastrão, que a dita Academia já premiou das suas espécies, para não parecer mal...) e aos seus editores. O resto são papas e bolos para enganar os tolos. Apetece fazer um gesto à Luiz Pacheco, com a correspondente legenda. Mas, para bom entendedor, meia palavra basta.
Há pranto e ranger de dentes. Este ano não vamos ter Nobel da Literatura. Que pena! As carpideiras - sim, as carpideiras, pois recebem para prantear - arrepelam-se. Os carpideiros sujam as ventas com cinza. E eu, que sou parvo quando quero sê-lo, pergunto: "O que é que a literatura tem com isto?" Responder-me-ão, bem comportadinhos, que tem muito. Eu digo que não. Se é boa, excelente mesmo enquanto obra de arte, passa sem o prémio. Se é má, continuará sendo a porcaria que já era. Há exemplos dos dois lados. Ah, claro, temos o carcanhol... e tal... Tenhamos juízo. Isso só interessa ao autor (bom ou canastrão, que a dita Academia já premiou das suas espécies, para não parecer mal...) e aos seus editores. O resto são papas e bolos para enganar os tolos. Apetece fazer um gesto à Luiz Pacheco, com a correspondente legenda. Mas, para bom entendedor, meia palavra basta.
RUY VENTURA
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